Rota Estada D. Maria I - Asseiceira, Alto da Serra

 ROTA ESTRADA D. MARIA I / D. MARIA PIA 

Freguesia de Asseiceira de Rio Maior 2023

Junta de Freguesia e Fábrica da Igreja de Asseiceira


«Ainda hoje somos rodeados de pinhais»- afirma Lucília  


A  Junta de Freguesia da Asseiceira e a Fábrica da Igreja de Rio Maior Capela de Asseiceira situada à beira da Estrada, inauguraram a 23 de setembro um totem em homenagem às pessoas que viveram perto da Estrada D. Maria I. Esta cerimónia aconteceu junto da oliveira plantada por Lucília André, em 25 de março deste mesmo ano.

Desta vez, foi escolhido o dia 23 de setembro, porque em setembro realizam-se   as comemorações das Jornadas Europeias do Património, cujo tema em 2023 é  o “Património Vivo”. 

Filipa Raimundo, presidente da Junta de  Freguesia, no seu programa para este evento, planeou uma atividade pelo património natural: uma ação de recolha de lixos pela zona envolvente. 


Lucília André, 90 anos, que plantou a oliveira à beira da Estrada no dia 25 de março, disse: «A capela de São Domingos é muito antiga e foi restaurada por João  Germano, quando veio ao funeral de seu pai e reparou que a capela precisava de obras  e fez-lhe uma remodelação primorosa». O ano passado, Rui Germano pessoa das artes dramáticas, fez um espetáculo de teatro refazendo a história da sua terra natal, que se chamou “Asseiceira Terra de Fé”, onde as crenças são ainda muito lembradas e as histórias dos resineiros também. Filipa Raimundo guarda com afeto a “cédula de registo de profissional de resina n.º 13556, que pertenceu a seu avô Manuel da Conceição Bernardo.


«Convivi muito com os resineiros - continua Lucília - Depois do trabalho, enchiam a minha taberna de histórias, umas reais, outras inventadas, com eles já de “grão na asa”. 

Perto da meia noite falavam dos “Blisomens”. Eram os que, diziam, se transformavam em animais de quatro patas. Havia um homem que tinha calos muito grandes, nos nós dos dedos, e eles comentavam, que ele era isso. Em certas noites de luar, à meia noite, ficavam animais. Eu aviava-lhes as “ciganinhas” de vinho. 

E essa taberna, que foi construída aproveitando os muros à beira da estrada D. Maria I, há muitos anos, como muitas outras casas, tem paredes tão grossas, que ainda hoje, mesmo com a grande quantidade de camiões, que por aqui passam, não tem rachas, como outras casas,  feitas há menos tempo! 

Antigamente, fazia-se aqui arroz, quando os invernos eram grandes. No teatro do Rui Germano, tudo o que se viu foi verdade. Eu acompanhei a família do Carlos Alberto, o menino que foi vidente de Nossa Senhora em 1954, aqui na Asseiceira. Éramos amigos e continuamos a ser». 

 

Muitos anos antes de existir a Estrada D. Maria I, feita por volta de 1791, outros caminhos houve. Estes cruzavam a Capela de São Domingos de Gusmão na encosta  que ostenta na lápide da fachada a data de 1628, ma sno interior lê-se 1728. O Sr. Luís, acompanhante da procissão deste padroeiro da Asseiceira, no dia 8 de Agosto, contou que quem por lá passava, já nessa altura,  parava para orar nesta Ermida.

Esta Rota procura dar visibilidade aos acontecimentos vividos ao longo desta Estrada, cujo património cultural se continua a estimar e a transmitir aos mais novos. Perto desta oliveira, diante de nós, do outro lado da Estrada, olhando a nascente existe uma azenha antes movida pelas águas. Nesse local, as águas passam por debaixo de uma ponte, “dita romana” por onde segue a Estrada. Gostariam alguns de ver essa azenha reconstruida em memória doutros tempos, tornando-a património vivo.

Depois da Asseiceira, a Estrada D. Maria I passava por Rio Maior e seguia na direção de Senta, onde num trilho do Parque Natural de Serra d’Aire e Candeeiros ainda se vê parte do seu piso original. Aí continuava, virando à esquerda por uma íngreme ladeira, serra acima, de onde se avistam hoje as salinas de Rio Maior. 


Para saber mais do Alto da Serra visite o próximo link ou dirija-se até lá, onde pode encontrar o próximo totem. A sua inauguração no Alto da Serra, na Casa da Muda, incluiu uma cerimonia religiosa, prestando homenagem a todos os que na Comissão de  Melhoramentos têm lutado por melhores condições para todos os seus habitantes.


NOTA 

A Rota Estrada D. Maria I / D. Maria Pia celebra aquela que foi a primeira grande estrada construída em Portugal, a mando da Rainha D. Maria I, como consta no alvará de 28 de março de 1791. Esta foi uma estrada real, unindo Lisboa ao Porto, pensada não só para serviço dos nobres e reis, como era costume, mas para a comodidade de todas as pessoas.

Hoje, apenas são visíveis alguns segmentos da estrada original, como é o caso de troços que podemos encontrar em todas as freguesias do percurso desta Rota. O IC2 e a EN1 cortam a Estrada, deixando-a quer à direita, quer à esquerda, e até, nalguns segmentos percorrem-na, soterrando-a.

A Rota Estrada D. Maria I / D. Maria Pia deve estes dois nomes, atribuídos à mesma pessoa, por um lado, a D. Maria I, rainha de Portugal entre 1777 e 1816, e, por outro, ao seu cognome “A Piedosa”, que originou no concelho de Alcobaça (Benedita, Turquel, Moleanos de Évora e Moleanos de Aljubarrota) que a estrada se chame D. Maria Pia, ao contrário dos concelhos vizinhos. Não confundir com a Rainha D. Maria Pia de Sabóia, casada com D. Luís. Em Rio Maior (Asseiceira e Alto da Serra) e na Batalha (Jardoeira) a Estrada chama-se Estrada D. Maria I e em Porto de Mós (Pedreiras) tem apenas o nome de Estrada D. Maria.

A Rota começa na Freguesia de Asseiceira e termina na Jardoeira, lugar da freguesia da Batalha. Pode aceder a todos os links desta Rota no final, onde encontrará outras memórias desta Estrada.

Nesta Rota, o Fórum Cultural Terra Mágica das Lendas, CRL, Benedita, tem vindo a recolher com as diversas comunidades relatos de História Local, Património Cultural e Memórias do século XX numa primeira fase. E numa segunda, irá recuar até ao séc. XIX, pesquisando diários de viajantes nacionais e estrangeiros, que por ela andaram e escreveram essas memórias. 

Esta Rota começou em março de 2023 e não tem prazo para terminar, enquanto existir o apoio das Associações Locais e das Juntas de Freguesia. No dia 25 desse mês foram plantadas árvores “próprias do Terreno” como recomenda o Alvará da Rainha de 28 de março de 1791 e/ou adotadas outras. Foi uma homenagem a D. Maria I  / D. Maria Pia e a todos os que lá nasceram, viveram, emigraram ou imigraram.


Benedita, Fórum Terra Mágica das Lendas, CRL













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