Antigas récitas na
Benedita
A
memória mais recuada chega-nos por Maria Raquel Guerra de Almeida, nascida em
1914. Recorda-se de ter representado na ‘taberna’ do seu tio António Pedro
Almeida, que ficava onde hoje existe a loja do Morgado, as peças Honra e Fome e O gabinete do Senhor Regedor. Mais tarde as récitas fizeram-se na
Casa do Povo. Nos meados dos anos 40 o padre Susano fez um salão, onde é a
atual igreja. Lá muito se representou. Celeste Fialho, ainda hoje diz que o
Leandro sempre a tratou por Josefa das Chagas, o nome da personagem que
desempenhou na peça Amor e Marmelos, que
como se lê no programa foi
representada na década de 50. As récitas continham vários números: rábulas
inventadas, como relatam os irmãos Lopes do Taveiro, canções ou piadas que
aprendiam com récitas de outros, que por cá vinham ou ouviam na rádio. Nos anos
40 o grupo de teatro ligado à igreja dividiu-se. Alguns juntaram-se ao Sr.
Azevedo, músico e violinista que restaurava o órgão da igreja e ensaiaram a
opereta ‘A FLOR DA ALDEIA’ no Lagar
da Junqueira. Foi um sucesso enorme! Esse lagar ficava junto à Lagoa, onde
agora está o LIDLE. Também a igreja velha depois da inauguração da nova acolheu
récitas bem como a garagem dos Capristano que ficava na praça Damasceno Campos.
Nas
três últimas décadas do séc. XX, récitas, filmes e artistas nacionais em
digressão animavam o salão Paroquial do tempo do Padre Tiago, onde agora está o
Centro Cultural.
Agradecemos
a todos os que colaboraram nesta Tertúlia e aos que nos entusiasmaram com os seus
textos e poemas. Revisitamos os tempos dos nossos antepassados quando subiam ao
palco ou quando aplaudiam do público.
Uma
saudação especial ao Pedro Mateus e ao Jorge, técnico de som do monólogo representado,
«Os malefícios do tabaco», a surpresa desta Tertúlia.
Pedro
Mateus nasceu em Caldas da Rainha e vive em Turquel. Gosta de poesia e também
escreve. Jorge é professor de língua portuguesa no Vale de Santarém e ambos
adoram teatro!
Outro
tipo de peças se representavam à época a partir de 1950 pela Europa fora, eram as
peças do médico e escritor russo ANTON
TCHEKOV, também escritor de contos. Ele influenciou muitas gerações.
É
de sua autoria o monólogo hoje aqui representado por Pedro Mateus. Este pequeno
exemplo mostra-nos a sua originalidade, que consiste no uso da
técnica da corrente de consciência. Ele
rejeitou ainda o uso do propósito
moral presente na estrutura das obras tradicionais.
Tchekov insistiu sempre que o papel de um artista era
o de fazer perguntas,
não o de as responder.
Benedita,10 abril de 2019, Terra Mágica
das Lendas, CRL

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