Participámos no já tradicional desfile de associações na abertura da Feira de São Bernardo.
Antes do desfile, a Ana Maria permitiu-nos conhecer melhor a fachada do Mosteiro de Alcobaça, com um levantamento histórico que deixamos mais abaixo.
"Em 1153 D. Afonso I doa as terras de
Alcobaça à Ordem de Cister. Surge o primeiro mosteiro - Santa Maria A Velha, que
se situou na zona da atual Igreja Nossa Senhora da Conceição, tendo os monges
mudado para o atual mosteiro no século XIII. O mosteiro que hoje vemos, na sua
origem teria uma fachada gótica, a qual seria possivelmente rematada numa simples
configuração triangular, de acordo com a junção das 2 águas do telhado (conforme
contorno na imagem). Dessa época restam apenas o portal, a rosácea e 2 janelas.
No século XVII o monge e arquiteto,
beneditino, de origem italiana, Frei João Turriano realizou o projeto que veio
a alterar o aspeto da fachada. As obras iniciaram-se já no século XVIII, dando-lhe
uma feição barroca. As esculturas de São Bento, São Bernardo e de Nossa Senhora
são em mármore de Carrara (vindas diretamente de Itália).
No ano de 1989 o Mosteiro de Alcobaça é
classificado como Património da Humanidade, pela UNESCO.
Na fachada vemos as esculturas das 4
Virtudes Cardeais: Força, Justiça, Prudência e Temperança. Virtudes
preconizadas pelo filósofo grego Platão, passando, posteriormente, ao
cristianismo. A Força (coragem) consiste em se
manter firme, apesar das adversidades; A Justiça, que dá a cada um o que lhe é
devido; A Prudência (sabedoria) guiada pela razão, dita as decisões pessoais e
a forma como o próprio vive em sociedade; A Temperança (moderação) representa o
autodomínio.
São Bento de Núrsia (séculos V – VI) criou
a Regra Monástica. Tinha por lema “ora e trabalha”, com vista à paz e encontro
com Deus, lema que foi seguido pela Ordem de Cluny. Já anteriormente, na época
carolíngia, Bento de Aniane divulgara pela Europa os ideais de São Bento.
Em 1964, o Papa Paulo VI proclamou São Bento padroeiro da Europa. O Santo privilegiava o isolamento, a reflexão,
o despojamento.
São Bernardo, em 1090, nasce no castelo
de Fontaine. No ano de 1098 São Roberto, abade no Mosteiro Moslemes, funda o
Mosteiro de Cister (em latim, Cistercium; em francês, Cîteaux), onde irá ingressar
São Bernardo, no ano de 1113. Em 1124 Bernardo redige o “Tratado sobre os
degraus da humildade e da soberba”, criticando e reformando a Ordem de Cluny.
Os ideais
destes 2 santos são traduzidos na arquitetura religiosa: austeridade,
simplicidade e despojamento. Mais visíveis nas naves da igreja, já que a
fachada foi alterada. No interior da igreja podemos observar “O Trânsito de São Bernardo” obra dos
monges barristas nos finais do século XVII, já de feição barroca.
A estrutura da igreja
é semelhante à da abadia mãe de Alcobaça - Claraval, uma das 4 dependentes de
Cîteaux, sendo que São Bernardo foi um dos fundadores.
O lado norte foi construído no século
XVII, no local onde existiu a primitiva Ala dos Conversos (estes monges
tratavam / dirigiam a lavoura e vestiam-se de castanho, por oposição aos monges
brancos, copistas, estudiosos e que oravam a Deus). Já no século XVI, foi aí construída
a hospedaria real, para os abades comendatários filhos de Dom Manuel I, os
cardeais infantes Dom Afonso e Dom Henrique. No piso inferior existia a portaria
e a hospedaria dos monges.
Na parte
sul, o lado dos monges brancos, foi fundado em 1648, o Colégio de Nossa Senhora
da Conceição, reconstruído após o terramoto de 1755. No piso superior
situavam-se as celas dos abades-gerais da Congregação de Alcobaça.
Algumas
medidas do Mosteiro:
A fachada da igreja tem 23 metros de
largura, por 42 metros de altura (do patim ou adro até ao remate das torres
sineiras).
A estátua de Nossa Senhora de Alcobaça
tem 4 metros de altura, encontrando-se abrigada num nicho, encimado por uma cruz
entre dois anjos.
A igreja mede 106 metros de comprido,
por 21 metros de largura. No dizer de Pereira de Matos, a maior de Portugal."
Bibliografia:
LEROUX, Gérard, Uma
Visita ao Mosteiro de Alcobaça, Edição Jornal «O Alcoa», Alcobaça, 2017,
pág.s 23-25.
LUCERNA, Armando de, O Mosteiro de Alcobaça, Separata da Arte Sacra em Portugal, Empresa
Contemporânea de Edições, Lisboa, 1946, pág.s 11-14.
MARQUES, Maria
Zulmira Albuquerque Furtado, O Mosteiro
de Alcobaça e a Dinastia Afonsina, 1996, pág.s 26 e 53.
MATOS, Pereira de, Guia do Mosteiro de Alcobaça, Edição de
Joaquim António da Fonseca, Alcobaça, 1951 (?), pág.s 11-12.
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