«Importa considerar o valor da memória,
da aprendizagem e da capacidade criadora.
Ao falar de cultura, estamos a ligar a fidelidade à memória,
o respeito pela herança
recebida das gerações
passadas à Educação e à Ciência.»
Guilherme
d’Oliveira Martins (Martins 2017)
Sumário
O Fórum Terra Mágica das Lendas, CRL, cooperativa cultural da Benedita,
mais conhecida por Terra Mágica ou TML, tem em curso o projeto «Beautiful
Benedita /Casa de Memórias (1532-2032)» que pretende envolver toda a comunidade
residente, suas coletividades, instituições e empresas, bem como os
beneditenses que vivem fora, para que em 2032, data das comemorações dos 500
anos da fundação da Benedita, se possa inaugurar um centro de investigação e
arquivo aberto ao público com a história local das nossas comunidades locais, por
agora nomeado CASA DE MEMÓRIAS.
Este projeto procura apoios autárquicos e parcerias académicas, a
fim de que seja viável desenvolver toda a pesquisa e recolha de informações
junto da população de modo científico baseando-se na metodologia de História
Oral.
O património cultural material da freguesia tem vindo a ser
demolido: o coreto, a igreja matriz com seu pórtico gótico, a antiga Escola
Primária, o Cruzeiro da Rua dos Machados, a fonte «Acqua Mater» de José Aurélio
e a quase centenária casa Ernesto Korrodi (1921) corre o risco de desaparecer…
A riqueza do nosso património reside na memória dos mais velhos,
por isso é urgente registá-las para erguer a CASA DE MEMÓRIAS contra a profunda
amnésia histórica em que vivemos.
O I Encontro Memórias para Todos que integra a divulgação de
projetos em curso ou futuros, ligados a associações e grupos de cidadãos, inspira-nos
e permite fortalecer os nossos anseios e enriquecê-los com as boas práticas que
nele se partilham.
Agradece-se muito esta oportunidade.
Introdução
A freguesia da Benedita tem o estatuto de Vila desde 1984.
Pertence ao distrito de Leiria. É limitada a norte pela freguesia de Turquel.
Faz ainda fronteira com as freguesias de Santa Catarina e de Alvorninha, ambas
do concelho de Caldas da Rainha, outrora pertencentes aos coutos cistercienses.
Todas as freguesias vizinhas incluindo Rio Maior, excluindo Alcobertas do distrito
de Santarém, cederam parte dos seus territórios para que no século XVI se constituísse
a freguesia da Benedita. Tem a nascente o maciço calcário da Serra de Aire e
Candeeiros, no cimo do qual se cruzam três freguesias: Turquel, Benedita e
Alcobertas, que em 1946 lá se reuniram numa cerimónia religiosa e inauguraram
um Cruzeiro, legando-nos uma memória desses tempos.
A efeméride - 500 anos da fundação da freguesia da Benedita em
2032 - inspirou a Terra Mágica a pretender celebrá-la com a abertura ao público
de uma CASA DE MEMÓRIAS. Este objetivo acresce-se ao projeto em curso
«Beautiful Benedita» iniciado em 2017 e que a partir de agora se prolonga e
passa a incluir um horizonte temporal mais vasto e também as comunidades
vizinhas. O objetivo é a criação de um espaço CASA DE MEMÓRIAS que albergue um
Centro de Investigação - Produção e Divulgação do Património Cultural, Material
e Imaterial – cuja finalidade seja o estudar e preservar as memórias dos
antepassados em diversos suportes: vídeos, gravações e/ou textos e
disponibilizá-las ao público e que venha a ser uma realidade.
Com a divulgação de materiais inventariados e dos produzidos almeja-se
não só, recordar o passado, mas sobretudo conseguir que esse património gere uma
mais profícua continuidade dos valores de respeito pelas diferenças históricas
do passado e que melhore e aprofunde os nossos relacionamentos baseados nos
valores comuns que partilhamos entre as nossas comunidades de origem que sempre
connosco conviveram. É também urgente passar essas memórias às gerações mais
novas para que a nossa identidade coletiva cresça e se fortaleça.
I
- O Fórum Terra Mágica das Lendas, CRL e o Festival Internacional de Contos
Mágicos
A Terra Mágica das Lendas, é uma cooperativa cultural da
Benedita, sem fins lucrativos, fundada em 2006, por um pequeno grupo de
docentes de todos os níveis de ensino.
Em setembro de 2007 organizou um Festival Internacional de
Contos Mágicos em Alcobaça, Nazaré e em Leiria. Contou com o grupo de teatro
ACHADEGO de Lugo e com duas produções teatrais a cargo de Antónia Terrinha e Ludwig
Hollburg, que criaram as peças D. Fuas Roupinho e um conto dos Irmãos Grimm. Um
grupo de contadores de histórias profissionais animou públicos de várias idades
e em diversos locais. Esta iniciativa cultural dinamizou e deu início ao grande
mote da cooperativa, a de dinamizar o associativismo local e de envolver ao
máximo todas as comunidades. O Festival foi inaugurado com um simpósio dedicado
às Lendas e Contos Tradicionais, moderado por Pedro Penteado. Paralelamente
ocorreu um concurso de lendas e/ou ilustrações de lendas, apelando às aptidões
artísticas de adultos e crianças. Dele resultou a edição de um calendário e de
um CD.
Este Festival foi financiado Município, ECB - Externato
Cooperativo da Benedita e pela então DGA- Direção Geral das Artes. A partir
desse ano e de 2008 mobilizou-se a prata da casa e as atividades realizaram-se
em meio escolar e num programa na Rádio Local. No ECB teve lugar uma
conferência sobre D. Fuas Roupinho, a cargo do convidado Engº. Adriano Monteiro
e uma grande exposição sobre essa temática, da sua coleção. De 2009 a 2012 decorriam
os «Sábados Lendários» a cargo da saudosa Áurea da Mata, bem como um período de
divulgação de lendas e a leituras de lendas e de contos tradicionais em
programas de Rádio e as Tertúlias noturnas na EB2, que depois deram origem a
edição do livro «Lendas da Titi» em parceria o ECB.
A partir de 2013 a TML reergue-se triplicando e diversificando o
número de associados. Atualmente tem mais de três dezenas de associados com idade
e interesses muito diversificados. Os poetas populares, animam as tertúlias,
visitas de estudo e conferências, que são abertas ao público em geral e
transmitidas em parceria com a Rádio Benedita FM. A partir de 2014 iniciamos
uma parceria com a Associação Palavra Cantada de Vila Franca de Xira. Entre
várias atividades comuns salienta-se a rubrica semanal radiofónica TERRA CANTADA
na Benedita FM que se vem mantendo em parceria.
A edição do livro «Memórias Benedita 1947», cuja 1.ª edição data
de 2015, surge no primeiro ano em que a TML passou a constar na lista dos
incentivos culturais do Município, prosseguindo outros projetos de valorização coletiva
e pessoal. Os associados docentes envolveram os seus alunos nas ilustrações
para a capa do livro e nos projetos com a comunidade, como a atividade Street
Poetry, que se fez coincidir com as celebrações do 32.º aniversário do Dia da
Vila - 16 de maio. Entre os mais de 1000 excertos de poemas, havia citações de
Shakespeare, porque nesse ano se celebravam os 400 anos da sua morte. O The
English Centre financiou a edição de todos. Com a ajuda da Associação de
Estudantes do ECB colaram-se as poesias pelas ruas do centro da vila. Estavam
representados poetas locais, nacionais e estrangeiros. Houve alguns feedbacks
muito positivos dos transeuntes, mas poucos se deram conta de que os poemas
estavam relacionados com os lugares e/ou com o caráter das lojas comerciais…
Apesar da chuva ter obrigado à reposição dos mesmos persiste ainda hoje a
vontade de repetir essa atividade. Também nesse ano, se comemoravam os 400 anos
da morte de Miguel de Cervantes. Realizou-se em sua memória uma tertúlia, no
Museu do Vinho em Alcobaça, que incluiu em simultâneo, uma outra homenagem ao
nosso conterrâneo, poeta e escritor Armindo Loureiro, autor de QUIXOTEIDA,
edição de autor da sua tradução em verso épico dessa obra de Cervantes, e cujos
versos dramatizamos, armando na respetiva taberna o cavaleiro andante! Em suma, as homenagens
aos nossos antepassados, como a de José Luís Machado, o Zito, em 16 de maio de
2019, transportam-nos da nossa cultura europeia e universal a um olhar de maior
proximidade para a nossa terra e comunidade e impregnam-nos nos valores da
nossa identidade coletiva, ampliando os conhecimentos e o gosto pela nossa
história local e o desejo de melhor a estudar e partilhar.
II – BEAUTIFUL BENEDITA (2017-2019) - a
aposta no espaço público e na história local.
O projeto «Beautiful Benedita (2017-2019)» nasce desse novo olhar
pelas ruas da Benedita adquirido em 2016 com a Street Poetry e pelos percursos
anteriormente efetuados por toda a freguesia, seguindo as pistas enunciadas nos relatos dos idosos, sobre suas
vivências do início do século. Ao captarem-se as fotos para o livro «Memórias Benedita
1947», verificou-se que os lugares de referência mais salientados, já não
existiam ou estavam muito desfigurados. Ocorridas tão rápidas alterações na
paisagem em 2017 surgiu a ideia de lançar um concurso fotográfico aberto a todas as idades, de todo país e
estrangeiro, mas com captação de fotos apenas no território da freguesia, para que no futuro ficasse um registo de como
nesse ano as pessoas viam a nossa terra e as nossas gentes. Quase três centenas
de imagens estiveram expostas e foram editados postais das 21 fotos premiadas.
O título «Concurso Fotográfico
Beautiful Benedita» foi criticado e na exposição, algumas fotos surpreenderam
pelo belo e pelo feio da freguesia. Esta atividade evidenciou indícios
patrimoniais do passado em vias de extinção, por exemplo moinhos, lagoas, etc.
Com este concurso iniciou-se o projeto «BEAUTIFUL
BENEDITA (2017-2019)» com destaque ao Património Material e Imaterial. Nele
foram eleitas duas áreas lançando outras abordagens para o espaço público:
Fotografia e Arte Urbana. A concretização de murais de empenas tornou-se mais
difícil devido à necessidade de autorizações dos proprietários, nomeadamente
para superar uma fachada decadente na praça principal.
Ainda em 2017, antecipando o «Ano Europeu do Património Cultural
2018» deu-se início a um ciclo de 12 conferências sobre Património, inaugurado
pelo Dr. Guilherme d’Oliveira Martins, à nossa participação nas «Jornadas
Europeias do Património» e iniciaram-se os estudos/tertúlias sobre a rota
«BENEDICTA - A LENDA», que incluiu algumas ilustrações em paredes.
Percurso da rota (2017) no
Largo José António da Silva. Fotografia: L. Serralheiro- Arquivo TML
Foi o
olhar sobre a nossa lenda fundacional - a aparição de Nossa Senhora a Benedicta
- a uma menina pedindo a construção de uma casa para rezar e a pesquisa para a
preparação da rota «BENEDICTA - A LENDA» em parceria com alunos e docentes do
ECB, que nos conduziu à perceção da pouca ou quase ausente atenção da nossa
comunidade em relação à proteção do seu património, quer imaterial /material e
até natural. Uma súmula de paisagens
como as pedras onde se lavou roupa na Fonte Quente já não existem, ou a Mata
dos Loureiros, ou o Olival da Senhora.
Reza a lenda da aparição de Nossa Senhora da Benedita na versão
mais antiga que se conhece, a de Frei Agostinho de Santa Maria, que se
construiu uma ermida, a pedido de Nossa Senhora a BENEDICTA. A ermida deu
origem à fundação da freguesia, porque os moradores pediram que lá se pudessem
batizar os seus filhos. Com o tempo tornou-se na matriz da Benedita. Foi
demolida em 1961. Atualmente e fazendo parte da rota pode ver-se a imagem dessa
ermida pintada por alunos do ECB num pequeno mural na empena norte da Ex-Escola
Primária, construída nesse local. Num muro próximo onde existia a Mata dos
Loureiros foi feita a respetiva ilustração da lenda por uma nossa poetisa também
pintora.
Noutra versão da lenda reescrita no século XX pelo saudoso beneditense,
Padre F. Maurício (19 28- 1963) lê-se: «Ecos desta crença são os nomes da Fonte
da Senhora dado a uma nascente do Vale da Sardinha e o de Olival da Senhora a
um olival que ali há perto». A pedra, ou uma pedra idêntica na qual segundo a
lenda Nossa Senhora deixou vestígios da sua aparição ainda sobressai no local
da Fonte da Senhora. Lá a nascente nunca secou, mas os tanques dos anos 50, onde
as mulheres lavaram a roupa até aos anos setenta e oitenta estão soterrados.
Conserva-se a imagem de Nossa Senhora de pedra esculpida segundo
descrição da menina (Santa Maria 1707). Encontra-se na Sala/Museu Arte Sacra,
mas sem o manto bordado a ouro e prata, uma oferta da família Almeida no séc.
XIX e que desapareceu na década de sessenta do séc. XX.
Em 2019 foram feitos vários esforços para a concretização de murais
e apesar do apoio do município esta ideia não foi avante por falta de
autorização dos condóminos. Contudo mobilizou-se a prata da casa e surgiu o
mural FUTURO resultado do continuado empenho dos docentes associados com seus
alunos e não só.
Mural coletivo Futuro
visto pelos alunos 8º ano. Fotografia: J. Burbidge - Arquivo TML
III- «BEAUTIFUL BENEDITA/ CASA DE MEMÓRIAS»
- projeto de experiência feito
Lamenta-se na Benedita o desaparecimento da antiga igreja matriz
com o seu pórtico gótico, o Senhor dos Passos, os enormes quadros pintados com
a lenda da aparição de Nossa Senhora, a lápide com todos os 43 nomes dos
combatentes na Guerra de França e o Cruzeiro da Rua dos Machados (1923) com a
inscrição ANO MARIANO, etc. Contudo foi do estudo para a criação da rota
«BENEDICTA – A LENDA» - percurso lendário e histórico – que nasceu a
consciência da urgente necessidade de salvaguardar o que resta do nosso
património local e em simultâneo com a pesquisa sobre os combatentes da Guerra
de França, apercebemo-nos ainda de como estamos ligados às comunidades
vizinhas, delas fazendo parte. Temos raízes em comum que nos identificam.
E como enfrentar o futuro, se não soubermos quem somos e de onde
vimos... É lugar-comum sobejamente repetido que sem passado não há futuro! Para
a geração dos mais novos, incluindo para a geração da segunda metade do século
XX torna-se cada dia mais difícil ter presente a memória da igreja matriz, a
história do seu manto bordado a ouro e prata na ilha da Madeira, ou saber que
existiu Coreto, como púlpito ao ar livre onde tocavam as filarmónicas de
Turquel, Santa Catarina ou Alvorninha e discursavam as individualidades
religiosas e civis. Situava-se em frente da casa dos «Almeidas», obra do arquiteto
Ernesto Korrodi.
Casa
dos Almeidas (1921) E. Korrodi. Fotografia: A. M. Catarino - Arquivo TML
Além
da sua importância arquitetónica, por lá passou toda a nossa história social do
século XX e XXI da Benedita. Quem não se recorda da LOJA GRANDE, com a caixa
registadora estilo arte nova, como o restante mobiliário, a venda dos jornais,
o correio, o telefone,
rações para animais, mercearia, etc...etc… Todas as individualidades civis e
religiosas eram lá recebidas: Sua Eminência o Senhor Cardeal Cerejeira
discursou à população da famosa varanda da esquina; de lá vinham as flores que
enfeitavam o trono de Nossa Senhora e a filha mais velha, tocava o órgão na
igreja, ensaiava os coros e foi catequista durante décadas... Essa casa
protegeu os mais necessitados. À sua mãe chamavam a ‘rainha santa’. Empregavam
gentes nas terras, nos lagares, na fábrica de curtumes e na de cutelarias. Em
breve essa casa estará à venda e corre o risco de ser demolida se o processo da
Câmara para a considerar de interesse municipal se prolongar e a proprietária
com 105 anos morrer. O parecer da DGPC- Direção
Geral do Património Cultural, por nós solicitado aponta no sentido de que é da
responsabilidade do município protegê-la dando-lhe o estatuto de edifício de interesse
municipal. Sim, existe essa ameaça. Ainda há pouco tempo (2017) foi retirada a
fonte/monumento da praça Dr. Damasceno Campos, intitulada ACQUA MATER da
autoria do escultor alcobacense, José Aurélio, conhecido internacionalmente.
Praça Damasceno Campos
com a Fonte Acqua Mater (1987) de J. Aurélio. Fotografia: João José - Arquivo TML
Esse monumento era uma homenagem à Benedita industrializada e
desenvolvida consequência do projeto da EEECD - Equipa de Estudos e
Experimentação do Desenvolvimento Comunitário, da autoria da Dra. Manuela Silva
(1932-2019), que criou esse grupo interdisciplinar de especialistas que nos
anos sessenta, trouxe à Benedita a criação cooperativas fabris, atividades de
formação profissional e de desenvolvimento cultural, nomeadamente a criação do
Externato Cooperativo no ano de 1964.
Também por este motivo é importante a criação da CASA de
MEMÓRIAS para que na Benedita seja estudado e conhecida essa época que já
tantos estudaram nas universidades e institutos superiores. A conservação e
divulgação da nossa identidade comunitária e história local é um desígnio
fundamental que desejamos perseguir.
À distância de uma dúzia de anos para as comemorações de meio
milénio da nossa História, não é exagero começar já a programar e a trabalhar
para esta efeméride, considerando que herdamos dos nossos antepassados um rico
tão património, que excetuando algumas personalidades de beneditenses,[1] que ao seu estudo e
divulgação se dedicaram, ainda há muito por fazer. Urge preservar, e conseguir
que a amnésia histórica verificada ao longo de mais de meio século, desde a
segunda metade do séc. XX dê lugar à memória do nosso património salvaguardando
a nossa identidade e cultura. Para isso estamos dispostos a fazer formação na
área da metodologia da História Oral. Com os nossos parceiros locais: Rádio
Benedita FM, ECB e Lar da Santa Casa da Misericórdia estamos empenhados em
conseguir um protocolo com uma universidade ou instituto superior que nos apoie
em formação sobre História Oral, e na respetiva supervisão dos trabalhos e de
igual modo a providenciar recursos humanos e materiais.
Em novembro de 2019 a Assembleia Geral
aprovou um plano de atividades a longo, médio e a curto prazo até 2032 para a
recolha de memórias focando os contextos de acontecimentos locais, incluindo a
par das fontes orais, iconográficas e escritas. O projeto começa a dar os
primeiros passos clarificando o que se deseja que seja a Casa de Memórias para
a comunidade da Benedita alargada às freguesias vizinhas.
Este projeto CASA DE MEMÓRIAS prevê que a médio prazo, alguns
dos seus trabalhos em curso sejam parte do programa cultural da Rede Cultura
LEIRIA 2027, ou seja, que nessa data possa ser já mostrado algo pronto sobre a
nossa cultura local, que se possa refletir/ avaliar/e divulgar na nossa região
ou cidade de Leiria, por exemplo, uma nova rota dedicada à estrada D. Maria
Pia, que por cá ainda existe, assim como na freguesia vizinha de Turquel. Essa
rota será feita em parceria com a ADEPART - Associação para a Defesa do
Património de Turquel e que envolverá alunos do 7.º ano de escolaridade, que
nessa data estarão a sair do ensino secundário. Outra parceria é com a Santa
Casa da Misericórdia. Prevê-se a edição de um livro sobre a história da igreja
desaparecida, baseada em entrevistas aos idosos desse Lar, acrescida de uma
parte dedicada ao espólio remanescente na atual Sala/ Museu de Arte Sacra a
cargo dos senhores párocos beneditinos aposentados e ex-seminaristas. Do mesmo
existirá um arquivo digital
O grupo de associados da Terra Mágica está disposto a fazer
formação nas áreas necessárias para fazer entrevistas e registá-las, bem como
filmes, vídeos, etc. a fim de se construírem os respetivos arquivos. Contamos
com o apoio do município e da Universidade Nova, empresas e outras parcerias.
IV – CONCLUSÕES - BENEDITA – UM LUGAR PARA AS SUAS MEMÓRIAS
O património cultural material e
imaterial está por todo o lado e por que não dar visibilidade ao da nossa
terra?
As celebrações dos 500 anos da
fundação da Benedita em 2020 são uma enorme motivação para fazendo jus ao grande
empenho e empreendedorismo das suas gentes se construir um espaço onde se
estudem preservem e deem a conhecer a sua história e a das comunidades vizinhas
que lhe deram origem.
O primeiro passo é descobrir com
apoio das autarquias um edifício bem situado, com boa acessibilidade, com um
1.º piso, que possibilite guardar e mostrar em núcleos de exposições
temporárias ou permanentes, oficinas tradicionais de sapateiros, ‘bitaclas’ de
navalheiros, artefactos agrícolas, mercearias antigas, teares manuais, escolas
antigas, etc…etc… e ainda, que esse lugar possua gabinetes onde jovens
empregados e adultos voluntários possam ter condições para gravar
entrevistas/recolhas de história local e digitalizá-las e onde se possa
sistematizar um arquivo com os inúmeros estudos existentes sobre a freguesia
produzidos sobretudo no âmbito do trabalho da EEEDC - Equipa de Estudos e
Experimentação de Desenvolvimento Comunitário presente na Benedita de 1962 a
1964, cuja herança se revela ainda hoje no desenvolvimento industrial e na
criação do emblemático ECB - Externato Cooperativo da Benedita, que ao longo
dos anos tem vindo a ser um polo de reunião de estudantes não só da freguesia,
mas das freguesias limítrofes. As questões do Património aqui trazidas são
responsabilidade de todos e sobretudo, e também dos decisores políticos/ dos
autarcas desta freguesia assembleia/, a de quem esperamos apoio compete para
este projeto sobretudo dos ´nos têm acompanhado nas nossas atividades e neste
grande projeto que se destina a todos os que vivem ou visitam a nossa terra e
que pretende torna-la mais acolhedora e atrativa sobretudo para os nossos jovens.
O
FÓRUM TERRA MÁGICA DAS LENDAS, CRL, (TML) cooperativa cultural sem fins lucrativos,
sediada na Benedita, considera a celebração dos 500 anos da fundação da
paróquia/freguesia, a ter lugar no ano de 2032, uma efeméride de enorme
responsabilidade para todos os beneditenses.
A
partir desta data, concretiza os objetivos já definidos no âmbito do seu
projeto em curso BEAUTIFUL BENEDITA, sugerindo a sua continuação com
Casa das Memórias da Benedita´ para pesquisar e divulgar os seus cinco séculos
de existência. Tudo faremos para envolver ao máximo a comunidade, residente ou
não, sobretudo as pessoas que desejam rever-se na preservação do seu património
local, material e imaterial e a resgatar do esquecimento os trabalhos, valores,
religiosidade, feitos e memórias dos nossos antepassados.
Pretende-se
que esse espaço reúna condições para albergar voluntários, estudiosos e
académicos em várias áreas culturais, exposições temporárias de artesãos,
sapateiros, navalheiras, tecedeiras, canteiros, confrarias, procissões, lendas
ou a história do Desenvolvimento Comunitário dos anos 60, que trouxe o ECB,
etc., etc., em articulação com uma universidade para se aprender como elaborar
e divulgar arquivos de história oral e outros.
Terminamos com as palavras do Dr.
Guilherme d’Oliveira Martins, presidente da Comissão de Honra do nosso projeto
«Beautiful Benedita», com palavras suas do mesmo discurso citado no início: «As políticas públicas de cultura devem, assim, começar
pelo cuidado da herança e da memória. Mas o património cultural não se refere
apenas ao passado, e sim à permanência de valores comuns, à salvaguarda das
diferenças e ao respeito do que é próprio, do que se refere aos outros e do que
é herança comum» (Martins
2017).
BIBLIOGRAFIA
Felizardo,
Casimiro Maria. 1989. Benedita Quem me dera. Edição de Autor. Benedita.
Machado,
José Luís. 1980. Benedita e a sua história. Edição de Autor.
Martins,
Guilherme d’Oliveira. 2017. «Património Cultural e o Futuro». Público,
17 de Agosto de 2017.
Maurício,
Fernando. sem data. Cadernos Culturais. Edição de Autor.
Santa
Maria, Frei Agostinho de. 1707. Santuário Mariano. Vol. II.
Sousa,
António Silva. 2007. Benedita e as suas gentes. Instituto Nossa Senhora
da Encarnação.
[1] Cf
Bibliografia de autores beneditenses: Fernando Maurício, António Sousa, Casimiro
Maria Felizardo e José Luís Machado. Considere-se ainda José Joaquim é colecionador
de artefactos rurais e tem um ‘Museu particular’. Está em preparação outo museu
privado sobre um cuteleiro que foi combatente em França.
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